segunda-feira, 18 de outubro de 2010

SWU - Binóculos, Sax e Percussão

por Lucas Sfair

Fui ao SWU no papel de observador. Minha ideia genial foi comprar um binóculo na primeira parada do ônibus rumo a SP. Isso me garantiu privilégios, como verificar a marca dos instrumentos utilizados, além de poupar esforço - não precisei ficar esmagado lá na frente só para ver os músicos de perto. 

Foi o evento mais importante da minha carreira musical. Assim como uma Feira de Tecnologia ou uma Copa do Mundo, lá estavam todos os profissionais já estabelecidos e as tendências da música mundial. E eu vi tudo de perto. Eu e o meu binóculo.


O segundo dia foi, pra mim, o primeiro. Depois de assistir Dave Matthews Band, Regina Spektor e Sublime With Rome, poderia ter ido embora satisfeito. No futuro, talvez eu esqueça de tudo - ou quase tudo - o que aconteceu no primeiro e no terceiro dia do festival. Mas dessas 3 bandas, jamais.

Antes de tudo, vale esclarecer que eu não fui até lá exclusivamente por ninguém. Aliás, vergonhosamente, eu não sabia cantar junto em quase nenhum dos shows - principalmente naqueles que foram os meus favoritos. Era mente, ouvidos e olhos abertos, na mesma proporção, para todas as bandas. 

OS MELHORES DO SWU

1. Dave Matthews Band

Uns cearenses que estavam próximos de mim gritavam euforicamente por "Daví, Matheus e Banda". E, quando o Dave, com toda sua nobreza e cachecol branco, tomou o posto no palco, os mesmos caras diriam "Xi, só veio o Daví. O Matheus não veio, não.". 

Mas a banda veio - e que banda! Finalmente entendi o conceito do que é uma banda. Musical e visualmente envolvente, foi a melhor performance de todo o festival. Trompete, Sax Tenor, Violino, Bateria, Guitarra, Baixo, Violão de Aço e vozes. Sete músicos no palco. Dez em todos os critérios.


Sabe como você percebe que adora uma banda? Quando ela para de tocar e você sente falta. Para entender do que eu tou falando, preste atenção nesse vídeo, em especial aos 6m40s. Um solo de violino sobrenatural. Quem tava lá embaixo teve que buscar o queixo no chão, tomando cuidado pra não ser pisoteado. 

 2. Regina Spektor 

Foi o meu presente do SWU. Foi encantador. Não queria que acabasse nunca. Formado por Piano, Violoncelo, Violino e Bateria, tinha a sonoridade mais diferente de todas as bandas que subiram nos palcos do festival.

Gostaria de fazer um comparativo entre a Regina e a Joss Stone, sobre a beleza musical das duas. A Joss é aquilo: entra com um vozeirão desgraçado, arrepia, encanta à primeira vista. Tem uma potência única. O problema é que é única mesmo - o show inteiro é a mesma coisa, as músicas tem a mesma frequência. É enjoativo. 

Já a Regina, à primeira vista, gera desconfiança. Você pensa, ué, o que é isso? E acaba se perdendo em um labirinto sem volta. Ela vai se tornando cada vez mais interessante, impressionando você aos poucos e, de repente, você está completamente apaixonado, seduzido - é inescapável.

Em resumo, avaliadas pela MUSICALIDADE, a Joss Stone é uma mulher pra você passar uma noite. E a Regina para você levar ao altar. 

3. Sublime With Rome

Quem tem boca vai à Roma. E com uma voz dessa, olha onde esse tal de Rome chegou: à frente de uma das bandas mais consagradas do Ska mundial. Ele tem estilo, tem presença, toca guitarra com um timbre fantástico e tem a mesma voz de seu antecessor. Fica a pergunta: como pode alguém nascer para substituir outra pessoa?

Parece ser exatamente essa a missão do Rome aqui na Terra. E as composições novas do Sublime estão ao nível de tudo o que a banda já fez. 

Pra completar, o sol estava se ponto no lado do palco. Enorme, alaranjado... e toda a juventude enlouquecida pelo som mais jovial do festival. Se você tem entre 16 a 30 anos, o Sublime vai te conquistar. Não tente fugir.

4. Brothers Of Brasil

A expectativa era grande para a primeira banda do festival. E adivinha quem que entrou no palco? O SUPLA, cara. Inacreditável. Tudo bem, vamos esperar para ver o que acontece.

E não é que o Supla, junto ao seu irmão, João, fizeram um dos sons mais originais de todos? ESQUEÇA A JAPA GIRL, POR FAVOR.

Um violão de nylon, tocado ao estilo Bossa Nova, e uma bateria, tocada por Supla com uma pegada rockeira em ritmo abrasileirado. Músicas influenciadas pelos anos 60 e pela música brasileira antiga resultaram em uma canção que gostei muito, chamada I Hate The Beatles.


QUAL É A DO TÍTULO DESSE POST?

De todas as bandas que tocaram no palco principal do SWU, absolutamente nenhuma utilizou percussão. Isso é algo bizarro. Não é? E de todas as bandas que utilizaram metais, o Sax foi o único que estava presente em todos os casos (Joss Stone, Sublime, Dave Matthews, Los Hermanos, entre outros). Que bom, porque eu toco sax. =D

Desculpem-se por um post tão grande. Mas o festival não era nem um pouco pequeno. E até a próxima, galera! 

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